quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Desmatamento aumenta 1.000%

24/2/2011

Dados divulgados por ONG confirmam alerta do Inpe de que a devastação está se agravando na floresta

Brasília. O desmatamento na Amazônia cresceu 1.000% em dezembro do ano passado em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Os dados foram divulgados pela organização não-governamental Imazon ontem, e confirmam o alerta dado pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) de que a devastação está recrudescendo na floresta.

O município que mais desmatou em dezembro foi Porto Velho, com 39 Km². Segundo Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon, a causa mais provável são as hidrelétricas do Rio Madeira. Veríssimo diz que dezembro não foi o primeiro mês que a capital de Rondônia apareceu na liderança do desmatamento no último semestre.

"Não tem outra explicação que não sejam Jirau e Santo Antônio. Deveria ser uma área alvo de fiscalização", afirma Veríssimo.

De agosto a janeiro, o sistema de detecção de desmatamento via satélite do Imazon, o SAD, indicou um aumento de 3% no desmatamento (de 836 Km² para 858 Km²). A tendência é parecida com a dos dados divulgados no começo do mês pelo Inpe, cujo sistema Deter viu 10% de aumento no corte da floresta.

É a primeira vez em dois anos e meio que o desmatamento mostra uma tendência de alta. Também em linha com o Inpe, o Imazon afirma que Rondônia e o sul do Amazonas estão entre as áreas mais críticas. Em janeiro, segundo o Imazon, o município que mais desmatou foi Lábrea, no Amazonas, sede de outras duas obras de infraestrutura: as rodovias BR-319 e a Transamazônica, que está sendo pavimentada na região.

Segundo Veríssimo, neste ano a destruição voltou a subir em Mato Grosso, especialmente em municípios agrícolas do médio-norte como Nova Ubiratã e Gaúcha do Norte. O Pará, tradicional campeão de desmatamento, teve queda. "O Ministério Público do Pará tem focado muito na pecuária", diz o pesquisador, o que pode explicar a redução. Em dezembro, Rondônia contribuiu com 43% da área total desmatada na Amazônia Legal. Mato Grosso teve 31% e o Amazonas, 16%. Nos outros estados, o desmatamento foi proporcionalmente menor, ficando o Pará com 5%, o Acre com 4% e Tocantins com 1%. O desmatamento no Pará, no entanto, foi menor possivelmente devido à densa cobertura de nuvens.

O Imazon detectou ainda 541 km² de florestas degradadas (parcialmente destruídas) em dezembro e 376 km² em janeiro. Os números também são maiores em relação a um ano antes. A ONG estima que o carbono emitido pelo desmatamento no período de agosto de 2010 a janeiro de 2011 foi de 13,9 milhões de toneladas.
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=939225

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

ONU: desenvolver economia verde custa US$ 1,3 tri anual

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) afirmou nesta segunda-feira que são necessários US$ 1,3 trilhão por ano para transformar a economia mundial em uma economia verde, isto é, com baixos níveis de poluição ambiental e de consumo de recursos naturais. A quantia equivale a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) global e deveria ser destinada a dez setores estratégicos, como energia, transportes, construção e agricultura.

Economia verde

A recomendação faz parte do relatório "Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza", divulgado pelo Pnuma na abertura do Fórum Global de Ministros do Meio Ambiente, que acontece em Nairóbi, no Quênia.

Na proposta apresentada, o órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que a mudança no perfil econômico dos países terá a capacidade de elevar o crescimento da economia global a níveis maiores que os atuais, por meio da criação de empregos e diminuição de prejuízos por crises e falta de recursos.

Prioridades

Os setores prioritários para investimentos, segundo o Pnuma, são o de energia (US$ 360 bilhões), transportes (US$ 190 bilhões) e turismo (US$ 135 bilhões), por serem grandes responsáveis pela emissão de gases causadores do aquecimento global, além de consumir muitos recursos.

No caso dos transportes, por exemplo, o Pnuma lembra que os prejuízos com poluição do ar, acidentes e congestionamento podem atingir 10% do PIB de um país ou região afetados por esses problemas. O relatório aponta como saída os investimentos pesados em transportes públicos e o desenvolvimento de combustíveis e veículos menos poluentes.

Redução do petróleo

O documento, elaborado em colaboração com economistas e especialistas de todo o mundo, afirma que o investimento anual de US$ 190 bilhões até 2050 no setor de transportes pode reduzir a utilização de petróleo em 80% em relação à situação atual - elevando a taxa de emprego em 6%, sobretudo na expansão dos transportes públicos.

O estudo do Pnuma também procurou contrapor a ideia de que investimentos em sustentabilidade aumentam as despesas. O relatório cita como exemplo positivo o caso do Brasil, onde a reciclagem gera retornos de US$ 2 bilhões por ano, ao mesmo tempo em que evita a emissão de 10 milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa.

Subsídios

O Pnuma lembra que entre 1% e 2% do PIB global são destinados para subsídios considerados "insustentáveis", como o petróleo e outros combustíveis fósseis, que podem desaparecer no futuro. “A aplicação inadequada de capital está no centro dos atuais dilemas do mundo e há medidas rápidas que podem ser tomadas, começando hoje", afirmou Pavan Sukhdev, diretor da iniciativa Economia Verde, ao apresentar as propostas.

Responsabilidade dos governos locais

O estudo atribuiu aos governos locais a responsabilidade pelo desenvolvimento de políticas públicas inovadoras e capazes de viabilizar os investimentos. No entanto, o estudo sugere que a maior fatia dos recursos seja oriunda da iniciativa privada, e apenas complementada por montantes menores do dinheiro público.

"É evidente que devemos continuar a desenvolver e a fazer crescer as nossas economias. No entanto, esse desenvolvimento não pode acontecer à custa dos próprios sistemas de apoio à vida na terra, dos oceanos e da atmosfera que sustentam as nossas economias e, por conseguinte, as vidas de todos nós”, defendeu Achim Steiner, diretor executivo do Pnuma.
Fonte:http://verdesmares.globo.com/v3/canais/noticias.asp?codigo=312330&modulo=968

Consumismo gera lixo

Se você pensa que o efeito do consumismo diz respeito apenas a sua própria vida, se engana. O planeta inteiro é afetado.

Ícones de hoje, os eletrônicos também estão entre os primeiros itens de descarte. A vida de um eletrônico não termina quando nos desfazemos dele. A partir desse ponto, ele traça uma trajetória que pode interferir mais na vida do que quando estava em nossa estante. Quem joga luz nessa questão é Ângela Cássia Rodrigues, da FGVOnline, que estuda a questão do lixo eletrônico há décadas.

BONS FLUIDOS: O que signifi ca lixo eletrônico?
ÂNGELA: Grandes e pequenos aparelhos eletrodomésticos, celulares, equipamentos de vídeo e som, equipamentos de informática, ferramentas, brinquedos, artefatos de iluminação e controle, descartados por seus usuários.

BF: Quais malefícios eles causam ao organismo e ao planeta?
AR: Esses produtos têm substâncias perigosas, como cádmio, mercúrio, chumbo, arsênio, berílio. Algumas delas podem levar ao câncer, outras provocam alergias e danos aos sistemas nervoso, endócrino e imunológico. E quando são descartados no lixo comum contaminam o solo e as águas subterrâneas, comprometem a qualidade da água e a saúde dos peixes. Calcula-se que até 2016 será gerado o total de 7,4 millhões de toneladas de lixo eletrônico.

BF: É possível reduzir todo esse descarte?
AR: Infelizmente, hoje, se quisermos optar por um consumo responsável desses produtos, não temos muitas alternativas. Na maioria das vezes, encontramos di3 culdade para prolongar seu uso. Os fabricantes, em alguns casos, descontinuam a produção de um determinado modelo, o que, com o tempo, di3 culta a obtenção de peças de reposição. Além disso, o custo do conserto geralmente é alto em relação a um aparelho novo.

BF: Então o que podemos fazer com o lixo eletrônico que descartamos?
AR: Existem algumas opções, mas ainda estamos trilhando um caminho. Comparativamente, temos poucos casos de coleta e reciclagem de lixo eletrônico. Alguns exemplos: os fabricantes estão obrigados a recolher pilhas e baterias por meio de uma rede de coleta. Para quem utiliza lâmpadas 7 uorescentes, existem algumas empresas que fazem a reciclagem, mas cobram por esse serviço, assim como outras que reciclam eletroeletrônicos. É possível, ainda, doar seu computador antigo. Mas a maior parte das empresas só os aceita se estiverem em bom estado de uso e se o modelo ainda for atual. A situação não é animadora.

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/conteudo_278998.shtml